Acostumada com a nudez, a porto alegrense de 23 anos fez seu primeiro ensaio sensual em uma comunidade naturista que costumava frequentar. Sobre posar, conta: “um misto de exposição e intimidação que me instigaram a tentar.” Ela tem 23 anos, nasceu em Porto Alegre e hoje mora no Rio de Janeiro. De espirito livre, Stephanie Meneghetti está a um passo de se formar em Publicidade e Propaganda, mas, para ela, depois disso nada vai mudar; “é apenas um diploma de um ensino quadrado que pouco desenvolve o ser humano”, diz. Sua maior busca é pela liberdade. Depois de frequentar uma comunidade naturista, cenário em que foi clicada, e se apaixonar pelo ambiente e pelas pessoas que conheceu por lá, conta que começou a procurar um distanciamento entre o “ser e o parecer”, o que, aliás, é uma ajuda que encontrou para não se preocupar com inseguranças relacionadas ao corpo. “Com a nudez minha relação é de escolha. Liberdade é escolher, e escolho a nudez sempre que possível”, entrega. “Com a nudez minha relação é de escolha. Liberdade é escolher, e escolho a nudez sempre que possível” Perguntamos se foi difícil ser fotografada em seu primeiro ensaio sensual e o que ele representava. “Me solto com facilidade ao natural, mas posando se torna mais complicado. Ajudou bastante o fato de a fotógrafa ser uma amiga querida. O ensaio representou um risco grande, um misto de exposição e intimidação que me instigaram a tentar”. As fotos foram feitas em dois lugares importantes para Stephanie, todas em meio à natureza. Em algumas delas, revela suas tatuagens e gosto pela bicicleta, que usou para substituir o carro no dia a dia. "Quando me desfiz do carro e passei a andar de fixa, vi as ruas com outro sentimento. Meu corpo mudou, se adaptou. Eu me tornei uma pessoa mais feliz e menos estressada", conta. -Tratamento de imagem: Carlo Barros/ Locação: Fazenda Pontal, Morro Alto -RS
Stephanie Meneghetti
Francesca Demarco
Francesca Demarco é carioca, mas foi criada em Minas. Aos 22 anos é atriz de teatro e acredita que quem trabalha com arte deve ter o corpo livre. Se foi difícil se soltar para o ensaio? Ela diz que sim, mas que depois que se soltou, fluiu naturalmente.
Isabella Cavalleti
Isabella Cavaletti, 26, inspira os maiores monumentos. Para ela, amor e sexo têm a força de um Taj Mahal, que foi erguido justamente por causa de mulheres assim Te apresento a Isabella. Ela é uma curitibana que virou carioca por vontade própria, que estudou mil coisas menos inglês nos seus 26 anos de vida. As palavras favoritas da Isabella são “picles” e “aurora boreal”. Acha que as mulheres têm que ser livres e sentir orgulho do seu sexo. Teve amiga invisível até os 15 anos. Quer morar fora. Sempre foi meio esquisita, diz. Antes de dormir, gosta de conversar com o mistério. Faz um tempo, ela me mandou um e-mail. Dizia que tinha vontade de ser fotografada, de sentir o sol na pele, se mostrar pro mundo. Anexou umas fotos. Obviamente, ela é um absurdo de linda. Eu escrevi de volta. No dia que conheci a Isabella, passamos a manhã num apartamento onde um namoradinho francês dela morava, um squat todo detonado, um andar inteiro na Vieira Souto, bem na frente do Posto 8. Deve ser um dos metros quadrados mais caros do país. Mas o que encontrei, dentro, foi uma farofa de meia-dúzia de meninos, janelas quebradas, paredes destruídas, nada de geladeira ou fogão que funciona. O tal do namoradinho fez um café instantâneo para nós num daqueles fogõezinhos de camping, uma miniboca de Ela vai me falando da vida: estudou artes plásticas, história da arte, entre outras coisas, na Escola de Artes Visuais no Parque Lage. “Aliás, sabia que aquele casarão foi construído para agradar uma cantora lírica italiana famosa da época? Assim como o Taj Mahal, que foi planejado por um imperador indiano para homenagear sua esposa. Acredito que amor e sexo têm muita força. Levantam palácios!” Isso foi no século 17, Isabella conta. A mulher do imperador Shah Jahan havia morrido, e para demonstrar sua paixão, Jahan ordenou que um imenso mausoléu fosse erguido para abrigar seus restos mortais. A esposa era chamada de Mumtaz Mahal (“a preferida do palácio”) – o nome que batizaria o Taj Mahal é uma corruptela do apelido. CICATRIZES E LAMBIDAS Um tempo depois, liguei para ela, falando do tema da Trip deste mês, perguntando se ela não tinha Tava na cara que se sentiu bonita, estava feliz. Subimos o morro para Santa Teresa, no caminho ela me conta: “Pra mim, o mais perturbador é o olhar. Barba, cheiro e estilo também. Excitante pra mim é honestidade, consistência e não ter medo de mostrar cicatrizes. E ser capaz de dizer com o coração: quero você. Mas também tem coisas excitantes que não importa o quanto você descreva. Funcionam sempre melhor quando são sentidas, não explicadas”. “Daí vem o calor, árvore, flor, natureza, trópico, nudez. A naturalidade desse encontro, deste ensaio, e a sucessão de coisas que foram acontecendo. Ser fotografado para a Trip é tipo estar com o namorado. Se sentir bonita, vulnerável, imperfeita. Por mim, eu posaria assim, sempre, de cinco em cinco anos. Até ficar velhinha.”
gás. Colocou um rap francês, apertou a bunda dela com gentileza. Descemos para a praia. Fazia 39 graus na sombra e ela se enfiou no chuveirinho com uma felicidade absurda – abria a boca, engolia a água, deixava escorrer pelo queixo, corpo, cuspia a água em mim. Tão jovem, tão menina, tão linda. Aquela vontade de se mostrar, de curtir a brisa, de ter o calor fervendo na pele branca.
uma vontade a mais... Ela tinha. Me mandou uma série de mensagens com emoticons e um belo tanto
de pontos de exclamação. Daí um dia apareci na casa dela. Ela mora na Glória, num apartamento que divide com umas amigas. Lá, tem uma janelona na sala com vista para um mato intenso, uma casinha para os passarinhos, um sofá detonado. Trouxe a camisa do meu amante para ela vestir e uma sacola de frutas. Ela me mostrou as calcinhas favoritas dela, fez um café para mim, tirou a roupa e sentou na mesa da cozinha para comer mamão. Por sinal, o café dela é de primeira. Fez esse monte de coisas que você está vendo aqui: dançou ouvindo Jay-Z, rolou na cama e no chão, lambeu uma série de coisas, me mostrou suas cicatrizes, abriu um sorriso atrás do outro.
Marina Massaneiro
Como boa geminiana, Marina Massaneiro, de 22 anos, assume seu lado narcisista, que foi de grande importância para o ensaio como Trip Girl. Há dois anos em São Paulo, a florianopolitana é atriz e foi justamente o trabalho que a fez gostar de ser fotografada – e fotografar. O teatro também despertou em Marina uma paixão pelo nu. “Eu amo o nu e adoro ficar pelada desde pequena. Talvez seja uma espécie de manifesto... Esse tabu que se tem com a nudez é muito tolo e pequeno. Nu é nu, entende? Não é nada de mais. A nudez só é sensual quando tu queres que seja”, conta. "Nu é nu, entende? Não é nada de mais. A nudez só é sensual quando tu queres que seja" Acompanhada de seu gato Jack, posou nos cômodos da casa em que mora com dois amigos e se mostrou bem a vontade com seu corpo, exibindo as tatuagens musicais. “Na adolescência eu era uma tábua, enquanto minhas amigas já eram todas cheias de curvas. Eu tive alguns bons complexos de querer ser gostosona. Sei que meu corpo mudou e hoje estou satisfeitíssima, me dou superbem com ele”, diz. Em cada foto, os fios de cabelo ruivo contrastam com a luz do sol e a delicadeza de Marina, que "estava ali, indo de um lado pro outro, só vivenciando aquela tarde".
Fabiula Nascimento
Curitibana de talento e de brasileiríssima beleza, a atriz Fabiula Nascimento é "toda linda, obra completa, pedaço de mau cominho, como em uma letra de um bolero". As palavras são de Xico Sá, o cronista-fã que assina o texto deste ensaio - e que não poupa adjetivos para este "mulherão de verdade verdadeira" Fabiula Nascimento sabe, como me confessou, que “detalhes inusitados” – imaginárias aspinhas postas com suas belas mãos – podem fazer a cabeça dos homens, como as axilas, por exemplo. Exemplo dito e bendito por ela mesma. A tese da atriz está certíssima. Mulher, muitas vezes, é metonímia, aquela figura de linguagem que toma uma parte pelo todo, a gente mira um recorte da anatomia e ama obsessivamente. Que axilas tem a Fabiula! Tentava entender como esta curitibana de brasileiríssima beleza e de talento profissa enxerga os olhos famintos dos homens. Além dos detalhes (inusitados) tão pequenos de nós dois, Fabiula arriscou outros argumentos: “Opa, fiquei surpresa! Não sabia que era uma das mais sensuais aos seus olhos. Mas, pensando bem, sempre acreditei que a minha sensualidade está no meu bom humor. Acho que uma mulher bem-humorada seduz qualquer pessoa. Eu acordo pra ser feliz, sabe? Alegria transborda dos meus olhos. Me sinto linda, gosto do meu corpo.” Sem essa de parte pelo todo, Fabiula é toda linda, obra completa, pedaço de mau caminho, como em uma letra de um bolero. Diante dela soltamos um “gostosa!!!” cuja pronúncia faz trovejar no palato, céu da boca em tempestade de testosterona capaz de inundar o sistema Cantareira. Ave! Será que estou caindo no conto, na fabulosa fábula dos papéis sensuais da atriz Fabiula? É o avesso. Fez tais papéis porque viram na moça, além do talento, a pegada de um erotismo nada óbvio ou mentiroso. Fabiula desperta o que chamamos no botequim, vulgarmente, de paudurescência – essa epifania do macho diante do melhor dos mundos. "Eu acordo pra ser feliz, sabe? Alegria transborda dos meus olhos. Me sinto linda, gosto do meu corpo" Com ajuda simbólica ou independentemente dos personagens. Claro que é impossível esquecê-la como Olenka, a danada da novela Avenida Brasil (2012). Aquelas unhas francesinhas ou no tom mais quente de todos os azuis, vixe. Aí sim um detalhe, parte pelo todo, inclusive naquele jeitinho mole de falar que nos remetia a outros exercícios de oralidade. No filme Estômago (2008), Deus nos acuda, Fabiula é uma puta glutona que me fez lembrar as travessuras de A comilança (1973), do italiano Marco Ferreri. Gostosa gostosura no melhor dos stripteases do cinema nacional de todos os tempos – e olhe que tenho milhagem na fase da pornochanchada brasileira. Barraqueira em Bruna Surfistinha (2010), aquele tesão que temos pelas mulheres invocadas. Como amamos uma treta. E assim até a atual Boogie Oogie, na TV Globo. Esqueci outros filmes e atuações do teatro, como a Lady Macbeth, personagem dos sonhos até hoje, que fez no começo dos anos 2000, ainda no Paraná. Sim, Fabiula também é uma “atriz profunda curitibana”, para lembrar como o mundinho artístico do eixo Rio-São Paulo zoa e tira onda da qualidade dos atores que emergem no Guaíra, berço da moça. Talvez seja apenas a boa inveja irônica. Humor mesmo. Sem drama algum, relax. Repassemos a limpo. No que pergunto para este colosso de mulher: “Você é uma atriz eclética, com uma boa formação etc., mas tenho uma indagação. A fama de gostosa, que vem naturalmente com papéis sensuais, deixam a atriz ‘dependente’ desse tipo de atuação? O que pensa sobre isso?”. "Sempre acreditei que a minha sensualidade está no meu bom humor. Acho que uma mulher bem-humorada seduz qualquer pessoa" Fabiula manda lindamente na lata: “Não é o meu caso. Mas isso é muito possível. Uma atriz sem foco no trabalho, que faz escolhas ruins e acredita que a beleza é eterna, pode se perder pelo caminho. Eu tento sempre ser versátil. Interpretar a prostituta glutona e sensual [em Estômago] e também a mãe de família desleixada [em O lobo atrás da porta, filme deste ano]. Nunca fiz esforço para que as pessoas me enxergassem sensual. Nunca fui atrás dessas personagens, elas simplesmente vieram ao meu encontro. Talvez por sorrir e ter cara de sapeca.” Taí. Sapeca. Fabiula tem mesmo uma menina sapeca dentro dela que acende o seu rosto a toda hora. Como os olhos e o sorriso de uma guria que sobe na árvore proibida. Fabiula cujo “u” do batismo já imprime uma personalidade. Vogal muito mais colorida do que um simples “o” bocó e normalíssimo. Sem mais adjetivos para gastar com este mulherão de verdade verdadeira, volto ao questionário do desejo: “É confortável e gostoso ser gostosa? Ou dá muito trabalho, inclusive na lida com o assédio?”. Dá-lhe, Fabiula: “Gostoso, claro! Muito bom ouvir do cara que você ama: ‘Meu amor, como você é gostosa!’. Como é legal quando um amigo gay diz: ‘Gata!!! Tu tá muito gostosa’. Mas não sou tão assediada assim. Sou séria, minhas roupas não são nada sedutoras. À primeira vista, o cara não me acha sensual. Depois de 10 minutos de papo, me pede em casamento [risos]! Entende quando eu exalto o bom humor?”. Só entendo. Meu amor, como você é gostosa! Coordenação Geral: Adriana Verani/ Styling: Marina Franco/ Beleza: G Junior/ Moda: Ateen, Camila Herzfeldt, Denise Queiroz e Diogo Dalloz na Joyá, Garimppo, Loungerie e Verve/ Assistente de foto: Camila Uchoa/ Agradecimento: CasaBeludi www.casabeludi.com.br
Gabi Nehme
O sotaque doce de Gabi Nehme ao telefone denuncia a delicadeza que veríamos nas fotos de seu primeiro ensaio sensual. Embora nunca tivesse posado nua, já havia vivenciado a nudez de outra maneira: com a arte. Professora de desenho, resolveu experimentar a situação por outro ângulo. “Eu sempre estava do lado do artista e não do modelo, então resolvi passar para o outro lado para experimentar. Como comecei a posar com uma visão mais madura sobre o nu, sobre meu corpo e sabendo que estava ali pela descoberta, não foi nada difícil”, conta. Ela foi clicada por Raquel Pellicano no apartamento da fotógrafa logo pela manhã, em um dia “muito bonito, com uma luz maravilhosa”. “Meu corpo é muito importante pra mim, por ser o meio pelo qual me movimento, me expresso, extravaso e me conecto tanto com meu eu interior como com as coisas do mundo” Aos 24 anos, ela nasceu e foi criada em Brasília, onde se formou em Arquitetura e Urbanismo. Enquanto não está trabalhando com seus projetos de artes plásticas, pratica esportes ao ar livre como escalada, corrida e natação, e também sai para dançar. Sobre seu ensaio como Trip Girl, conta que é “uma oportunidade de expressar a relação com meu corpo de forma bem flexível, leve e livre”. Embalada pela luz do sol nascendo, demonstra nas fotos uma naturalidade quase poética com a situação. “Meu corpo é muito importante pra mim, por ser o meio pelo qual me movimento e me expresso, extravaso, me conecto tanto com meu eu interior como com as coisas do mundo”, finaliza Gabi.
Camila Malachias
Na primeira vez que nos vimos, Camila nem me deu bola. Um amigo em comum nos apresentou numa balada, e ela mal notou minha presença. Os olhos radiantes, a boca grande, os longos cabelos cor de mel e as orelhinhas perfeitas (sim, orelhas são fundamentais para mim). Isso tudo me chamou a atenção. Mas a esnobada foi o que me atraiu. Não me entenda mal. Sempre detestei joguinhos – e, portanto, garotas esnobes. Só que ali não era jogo. Ela realmente não deu a mínima para mim ou para qualquer outro marmanjo. Ela não tentava impressionar ninguém. Só queria dançar e ser deixada em paz. Isso a tornou muito mais interessante. Admiro mulheres que sabem mandar um “foda-se”. Não desisti e esbocei um xaveco. Levei um toco. Com um misto de indignação e admiração, parti para o contra-ataque: peguei o telefone de uma amiga dela. Mas nunca liguei. Era só para aliviar meu ego ferido. Como disse, sou avesso a joguinhos. Se a primeira vez que a vi foi um fi asco, a segunda foi ainda mais desanimadora. Na hora rolou o clássico: – Oi, tudo bem? Até aí, tudo normal. Não fosse o fato de que ela até hoje nem se lembra desse dia. Passaram-se dois anos até que nos cruzamos de novo, numa padoca na Vila Madalena. Demorei a reconhecê-la – os cabelos agora estavam no ombro. Só que o olhar, o sorriso (e as orelhas) permaneciam os mesmos. Trocamos uma ideia e combinamos de nos ligar. Não botei muita fé – até alguns dias depois, quando recebi uma mensagem: “Vamos nos ver?”. No dia do encontro, eu estava no maior bode. Mandei um SMS explicando que me sentia cansado demais para sair. Ela não aceitou. “É do lado da sua casa, se anima e vem, pô!” Vesti qualquer coisa, calcei minhas inseparáveis Crocs e fui até o boteco, que ficava a duas quadras da minha casa. Quando a vi, linda e despretensiosa – num estilo boho-hippiecomprei- no-brechó-e-ficou-chique –, me arrependi de aparecer de Crocs. Mas já era tarde demais e ela gentilmente fingiu que não ligou. O papo fluiu melhor que a cerveja. Voltei para casa surpreso. E preocupado. Surpreso, pois percebi que, além de linda, Camila era inteligente e divertida. Interessante. Preocupado, pois eu partia para uma viagem de um mês em poucos dias – e tinha pouco tempo para tentar conquistar aquela mulher interessante. Timing é tudo. E nosso momento era aquele. “Quer passar o fim de semana comigo na praia?”, mandei. “Sim”, apareceu na tela do meu telefone, alguns longos minutos depois. E foi aí que tive certeza de que ela era uma mulher diferente. Pois mostrou que, além de não ligar para opiniões alheias, é decidida. Tem atitude. Sabe o que quer. Nada de frescurinhas, joguinhos ou falsos pudores. A gente mal se conhecia, mas ela seguiu sua intuição e topou passar uns dias comigo. Isso foi há três anos. Desde então, estamos juntos. Amor. Tesão. Paixão. Nosso relacionamento – como tantos outros – tem tudo isso, de sobra. Eu poderia preencher parágrafos com outras descrições meigas e mela-cueca. Mas a característica mais importante da nossa sintonia é simples – e, pela minha experiência, é em sua essência a mais rara: parceria. Parceria de verdade. Corajosa. Incontestável. Natural. Minha mulher não pesa, ela soma. Ela não atrasa, incentiva. Quando falei que queria trocar a Babilônia por Bali, ela nem pestanejou. É por causa dessa parceria que hoje vivemos aqui, na Ilha dos Deuses – e não em Sampa, reformando apê, encarando trânsito, planejando fins de semana na praia, montando enxoval ou seja lá o que faz um casal na faixa dos 30 que segue o roteiro à risca. Sua atitude – seja para mandar um “foda-se”, saber o que quer ou se jogar no mundo por amor – é sua característica mais atraente. Não sei o que o amanhã trará. Nem para onde nos levará. Só sei que, em vez de sonhar com um estilo de vida, hoje ele se tornou real. E me sinto feliz e pleno, com minha parceira ao lado.
– Tudo, e você?
– Tudo ótimo, bom te ver.
– Também.
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Ensaio de Marina Filizola, nossa Trip Girl do mês
Loiro Cunha
Em uma sessão de fotos incrível em uma fazenda do interior de São Paulo, Marina Filizola ficou à vontade: "Queria que a paisagem e eu fôssemos uma coisa só", diz, com o filho no colo. Ela já é conhecida da Trip, e em 2001 ela esteve pela primeira vez também como Trip Girl em nosso número sobre Circo. Ela garante que nunca teve problema de posar nua: "Eu não tenho pudor nenhum com relação a isso", e sobre a diferença sobre os dois ensaios, ela se acha mais bonita agora:
"Quando me tornei mãe, meu corpo ficou mais bonito, fiquei com mais curvas. Hoje, sou uma mulher muito mais equilibrada fisicamente"
A entrevista e o ensaio completo de Marina você vê em nossa edição #239 - Recomeço que está nas bancas. Veja aqui a mais próxima de você.
Fotos da Trip Girl Priscila Navarro, três anos depois de seu primeiro ensaio
Não é a primeira vez que Priscila Navarro aparece nas páginas da Trip. Em 2012, posou como Trip Girl ao lado de mais cinco garotas na edição especial sobre trabalho. Na época, com 22 anos, trabalhava como recepcionista em uma agência de publicidade e contou logo de cara que se sentia à vontade em ficar sem roupa e também fotografar. Passaram-se três anos e algumas coisas mudaram além do gosto pela nudez e das tatuagens a mais. Desde então, Pri começou a trabalhar como modelo e engravidou. Hoje, com 24 anos, tem uma filha de um ano e meio e já fez diversos trabalhos fotográficos. Este segundo foi feito em sua casa, em São Paulo, onde mora há cinco anos. Sobre a maternidade, ela diz ter amadurecido bastante. “Ser mãe mudou minha postura diante da vida, minha forma de ver as coisas. Eu era muito moleca quando engravidei e amadureci bastante com a maternidade.” "Minha relação com meu corpo mudou, comecei a respeitar a naturalidade dele. Depois do parto passei a me conhecer muito melhor." “Graças à genética, meu corpo voltou bem igualzinho – fora o quadril que ficou mais largo e o bumbum maior (mas eu adorei). Minha relação com meu corpo mudou, comecei a respeitar a naturalidade dele. Depois do parto passei a me conhecer muito melhor. Eu gostei de fazer os dois ensaios, mas neste é uma nova pessoa. Me sinto muito a vontade com o nu, nunca fui envergonhada, em casa estou sempre pelada”, finaliza.
Veja fotos da Trip Girl Priscila Navarro
Não é a primeira vez que Priscila Navarro aparece nas páginas da Trip. Em 2012, posou como Trip Girl ao lado de mais cinco garotas na edição especial sobre trabalho. Na época, com 22 anos, trabalhava como recepcionista em uma agência de publicidade e contou logo de cara que se sentia à vontade em ficar sem roupa e também fotografar. Passaram-se três anos e algumas coisas mudaram além do gosto pela nudez e das tatuagens a mais. Desde então, Pri começou a trabalhar como modelo e engravidou. Hoje, com 24 anos, tem uma filha de um ano e meio e já fez diversos trabalhos fotográficos. Este segundo foi feito em sua casa, em São Paulo, onde mora há cinco anos. Sobre a maternidade, ela diz ter amadurecido bastante. “Ser mãe mudou minha postura diante da vida, minha forma de ver as coisas. Eu era muito moleca quando engravidei e amadureci bastante com a maternidade.” "Minha relação com meu corpo mudou, comecei a respeitar a naturalidade dele. Depois do parto passei a me conhecer muito melhor." “Graças à genética, meu corpo voltou bem igualzinho – fora o quadril que ficou mais largo e o bumbum maior (mas eu adorei). Minha relação com meu corpo mudou, comecei a respeitar a naturalidade dele. Depois do parto passei a me conhecer muito melhor. Eu gostei de fazer os dois ensaios, mas neste é uma nova pessoa. Me sinto muito a vontade com o nu, nunca fui envergonhada, em casa estou sempre pelada”, finaliza.
Fotos da Trip Girl Thainá Zanholo
Autumn Sonnichsen
Thainá é uma brasileira das mais brasileiras que já vi e, como toda brasileira que se preza, adora a Califórnia. Ela se mandou para lá faz uns quatro meses. A ideia era fazer um curso de cinema, e desde que chegou ela tem uma vida nova. Está mais gostosa, curtindo mais a própria pele. É um negócio bonito de ver.
A gente se conheceu em São Paulo quando ela era estagiária do meu melhor amigo, na redação de uma revista. Já era gata, fotogênica, gostava de ser a mais linda do rolê. Namorou DJ, vivia nas festas de São Paulo e, segundo ela, envelheceu cedo. Cansou da rotina workaholic e festeira e resolveu se mandar para Los Angeles.
Desde que chegou na Califórnia, Thainá mudou, melhorou, ficou mais sarada, mais forte. Faz curso de cinema na Ucla. Escreve. Gosta de andar de chinelo em Venice Beach e comer besteira, doces americanos cheios de açúcar e colorantes, lembranças das vontades de infância. Posta selfies com as amigas no Instagram, usa biquíni pequeno que deixa o bumbum desenhado (#marquinhadebiquinimonamour), usa batom vermelho para sair à noite, sabe lamber os dedos com um prazer enorme. É uma mulher pequena. Tem 21 anos e 1,50 metro de altura. O pé dela é do tamanho da minha mão, e a minha mão não é muito grande.
Eu estava precisando dela, e ela precisava de mim. No dia que fotografei Thainá, eu tinha acabado de dirigir um filme de publicidade. A gravação havia durado quase três semanas. Equipe grande, mil luzes, câmeras pesadas e 40 assistentes por todos os lados. Eu estava cansada. No duro. Às vezes, nesses momentos, o ideal é alugar um carro e levar uma moça e uma câmera para o deserto da sua terra natal, e esperar o sol ficar no lugar certo. Deixar a menina chegar no quarto do hotel onde você está acampada, abrir uma mala de calcinhas, escolher a vermelha, dar para ela vestir, fazer um chá, emprestar a sua blusa favorita, pegar o carro – e ir.
Autumn Sonnichsen
Ela estava quieta, deixando a janela aberta para os cabelos ficarem ao vento. Botei aquelas músicas clássicas americanas de estrada, que ela não conhecia. Bruce Springsteen, Paul Simon, The Indigo Girls. Ela tomava chá gelado do Starbucks e me contava as histórias dos boys magia, do surfista brasileiro – os olhos dela brilhavam.
Levei Thainá para conhecer os dinossauros de Cabazón, onde meu pai me levava quando eu era criança: um T-rex e um braquiossauro em tamanho real, perdidos do lado da estrada no caminho de Palm Springs. Almoçamos comida vegana com limonada de lavanda. O GPS parou de funcionar, e a gente se perdeu. Fomos até o deserto de Joshua Tree, que ficou famoso pela foto da capa do disco do U2 e pelos hippies que tomam baldes de ácido embaixo das árvores. Ela rolou na areia, deu cambalhotas nuas, abrindo a pele para o vento.
Ela tremia de vontade. Eu, de felicidade. Nós, vibrando, na terra onde eu nasci – e que ela escolheu para viver. Outro dia ela me mandou uma mensagem. Nela, dizia: “Eu vim para cá pra me descobrir, e descobri que a Thainá gosta é de chinelo, short e camiseta”. Eu acrescentaria que ela também gosta de ficar nua no deserto, de ficar no banco traseiro do carro com os cabelos mordidos pelo vento, de se esfregar no chão desconhecido, se abrir para o infinito, deixar o coração na palma da mão, e tudo isso dizendo: estou aqui.
Fotos da Trip Girl Alice Bento
Alice dança. Dança desde os 8 anos, e foi morar em Mônaco para estudar balé na Princess Grace Academy Of Dance aos 16, onde ficou por dois anos. Alice também dança pra Trip emseu primeiro ensaio sensual, feito no Parque Lage, no Rio de Janeiro. Ela é carioca e hoje tem 25 anos, trabalhou como bailarina profissional até o final de 2012. De lá pra cá, ingressou na faculdade de jornalismo e não parou: dois trabalhos ao mesmo tempo, casa e cachorro pra cuidar e freelas. "Estava cansada de dançar e sempre tive outros interesses, gosto de aprender coisas novas", ela conta. "Corpo pra mim nunca foi tabu pelo fato de ter crescido e vivido no meio artístico" A vida nos camarins fez com que a nudez se tornasse natural, então, as fotos não foram problema para ela. "Corpo pra mim nunca foi tabu, justamente pelo fato de ter crescido e vivido no meio artístico, onde o nu é muito ordinário. Já troquei de roupa e usei o banheiro na frente de muita gente", recorda. Tempo livre não é muito comum na vida de Alice, mas surfar, tomar cerveja na Urca e comer pastel são algumas das coisas que ela gosta de fazer. Andar a cavalo na fazenda do pai também. Ela namora e, mesmo o namorado não tendo gostado muito da história do ensaio como Trip Girl, isso não foi motivo para que ela desistisse de ser fotografada. "Eu e meu corpo somos muito íntimos" "As fotos representam para mim uma liberdade e um mix que é intrinsecamente ligado: beleza, feminilidade e arte. Principalmente por ter sido um ensaio dançado, os movimentos, as poses, a intenção dos gestos e olhares foram muito naturais, ligados à dança que fluiu. Nada foi posado. A dança e o lugar convergiram em mim, as fotos registraram isso. Eu e meu corpo somos muito íntimos [risos]."
Fotos da Trip Girl Bianka Ferdandes
A Trip Girl Bianka Fernandes clicada em Ilha Bela, litoral norte de São Paulo.
Nós, os que vamos à praia, vamos sempre atrás mais ou menos da mesma coisa: das marcas do que o mundo era antes que a mão do homem decidisse reescrevê-lo”, anota o argentino Alan Pauls em suas memórias de verões à beira-mar, A vida descalço.
Passar dias em Ilha Bela na companhia de Bianka Fernandes é um pouco voltar a esse estado natural, selvagem. Bianka tem 28 anos, nasceu em Santos, litoral de São Paulo. Há 13, como modelo publicitária, sua vida é feita de constantes idas e vindas, começos e recomeços. Já esticou temporadas na Itália, Espanha, França, Grécia, México, Turquia, entre outros sítios. Os trabalhos se alongam, e Bianka gosta de se sentir íntima dos lugares. "Morei em mais de dez países, foram experiências intensas de amadurecimento. Até na Índia e na China eu vivi", diz a morena. “Falo inglês, italiano, espanhol, arranho turco. Aprendi sozinha, perguntando, vivenciando."
O biotipo "brasileira típica" abriu muitas portas, ela admite. É como se meio mundo já tivesse se deliciado com a brasilidade da moça, que, claro, adora praia. Se Ilhabela fosse cenário de um filme do francês Eric Rohmer, o mais praiano deles, Conto de verão, Bianka teria papel central no enredo de acasos, coincidências, encontros e desencontros.
Conversa-se muito nos filmes de Rohmer, e Bianka adora falar, contar, narrar suas histórias e experiências. Com os pés na água, a Mata Atlântica emoldurando tudo, Bianka diz que até os 15 anos só queria saber de jogar futebol na Praia do Gonzaga, em Santos, onde cresceu. Chegou a disputar campeonatos amadores pelos times de várzea da cidade. Por pouco não se tornou profissional. "Queria levar o futebol a sério", lembra. "Eu era muito moleca. Fui fazer curso de modelo para ver se conseguia me arrumar melhor, usar salto alto." Então, como num filme, a vida deu uma guinada. Aos poucos, o futebol foi dando lugar à vida de modelo, às viagens – o acaso decidindo seus passos. Logo os dois ofícios se tornaram inconciliáveis. "Parei de jogar porque não podia mais me machucar. Atrapalhava as sessões de foto se eu aparecia de joelho ralado ou com hematoma", sorri.
Dois anos depois do primeiro flash, Bianka estava de malas prontas rumo à Itália, primeiro país que a acolheu. "É o lugar com que mais me identifiquei. Morei em várias cidades, falo sem sotaque", conta. Alguns carimbos no passaporte depois, enquanto Bianka vivia no México, bateu a vontade de ser atriz. Em mais uma reviravolta, decidiu voltar ao Brasil. "Me mudei para o Rio de Janeiro, fui fazer a oficina de atores.” Em seguida, participou de Gabriela, da Rede Globo. Quando chegou à Globo, encontrou uma atriz homônima: foi aí que nasceu o "k" em seu nome – originalmente, "Bianca". Agora, com k, se prepara para entrar em cena em Os dez mandamentos, novela da TV Record. "Quero estabelecer uma carreira sólida, fazer cinema e chegar a Los Angeles!", ri. Para isso, não se importaria em interpretar latinas. "É como a Penélope Cruz ou a Salma Hayek, ora”, brinca. "Elas superaram qualquer estereótipo." Nisso ela está certa: a beleza praiana de Bianka supera qualquer clichê, estereótipo, lugar-comum de corpos bronzeados e verão como invenção midiática.
"Agora o eu quero mesmo é ficar no Brasil, trabalhar por aqui, fazer teatro, correr na praia, curtir a natureza", diz. Maravilha. Por isso, devolvemos a caiçara à sua paisagem original: o sol, o mar. Para Bianka, no entanto, a nudez ainda é tabu, apesar da intimidade que tem com as lentes. "O que mais curti neste ensaio é que não precisei fazer pose de gostosa, não me pediram caras e bocas. Fui eu mesma, e amei."
Fotos da Trip Girl Bianka Fernandes
A Trip Girl Bianka Fernandes clicada em Ilha Bela, litoral norte de São Paulo.
Nós, os que vamos à praia, vamos sempre atrás mais ou menos da mesma coisa: das marcas do que o mundo era antes que a mão do homem decidisse reescrevê-lo”, anota o argentino Alan Pauls em suas memórias de verões à beira-mar, A vida descalço.
Passar dias em Ilha Bela na companhia de Bianka Fernandes é um pouco voltar a esse estado natural, selvagem. Bianka tem 28 anos, nasceu em Santos, litoral de São Paulo. Há 13, como modelo publicitária, sua vida é feita de constantes idas e vindas, começos e recomeços. Já esticou temporadas na Itália, Espanha, França, Grécia, México, Turquia, entre outros sítios. Os trabalhos se alongam, e Bianka gosta de se sentir íntima dos lugares. "Morei em mais de dez países, foram experiências intensas de amadurecimento. Até na Índia e na China eu vivi", diz a morena. “Falo inglês, italiano, espanhol, arranho turco. Aprendi sozinha, perguntando, vivenciando."
O biotipo "brasileira típica" abriu muitas portas, ela admite. É como se meio mundo já tivesse se deliciado com a brasilidade da moça, que, claro, adora praia. Se Ilhabela fosse cenário de um filme do francês Eric Rohmer, o mais praiano deles, Conto de verão, Bianka teria papel central no enredo de acasos, coincidências, encontros e desencontros.
Conversa-se muito nos filmes de Rohmer, e Bianka adora falar, contar, narrar suas histórias e experiências. Com os pés na água, a Mata Atlântica emoldurando tudo, Bianka diz que até os 15 anos só queria saber de jogar futebol na Praia do Gonzaga, em Santos, onde cresceu. Chegou a disputar campeonatos amadores pelos times de várzea da cidade. Por pouco não se tornou profissional. "Queria levar o futebol a sério", lembra. "Eu era muito moleca. Fui fazer curso de modelo para ver se conseguia me arrumar melhor, usar salto alto." Então, como num filme, a vida deu uma guinada. Aos poucos, o futebol foi dando lugar à vida de modelo, às viagens – o acaso decidindo seus passos. Logo os dois ofícios se tornaram inconciliáveis. "Parei de jogar porque não podia mais me machucar. Atrapalhava as sessões de foto se eu aparecia de joelho ralado ou com hematoma", sorri.
Dois anos depois do primeiro flash, Bianka estava de malas prontas rumo à Itália, primeiro país que a acolheu. "É o lugar com que mais me identifiquei. Morei em várias cidades, falo sem sotaque", conta. Alguns carimbos no passaporte depois, enquanto Bianka vivia no México, bateu a vontade de ser atriz. Em mais uma reviravolta, decidiu voltar ao Brasil. "Me mudei para o Rio de Janeiro, fui fazer a oficina de atores.” Em seguida, participou de Gabriela, da Rede Globo. Quando chegou à Globo, encontrou uma atriz homônima: foi aí que nasceu o "k" em seu nome – originalmente, "Bianca". Agora, com k, se prepara para entrar em cena em Os dez mandamentos, novela da TV Record. "Quero estabelecer uma carreira sólida, fazer cinema e chegar a Los Angeles!", ri. Para isso, não se importaria em interpretar latinas. "É como a Penélope Cruz ou a Salma Hayek, ora”, brinca. "Elas superaram qualquer estereótipo." Nisso ela está certa: a beleza praiana de Bianka supera qualquer clichê, estereótipo, lugar-comum de corpos bronzeados e verão como invenção midiática.
"Agora o eu quero mesmo é ficar no Brasil, trabalhar por aqui, fazer teatro, correr na praia, curtir a natureza", diz. Maravilha. Por isso, devolvemos a caiçara à sua paisagem original: o sol, o mar. Para Bianka, no entanto, a nudez ainda é tabu, apesar da intimidade que tem com as lentes. "O que mais curti neste ensaio é que não precisei fazer pose de gostosa, não me pediram caras e bocas. Fui eu mesma, e amei."
Trip Girl Flúvia Lacerda
Pablo Saborido Um plus a mais: a Trip Girl Flúvia Lacerda, clicada em São Paulo Não é a primeira vez que Flúvia Lacerda, 34 anos, conta a história. Ela está num ônibus em Nova York, ouvindo música. Trabalha como babá, depois de passar por todos os bicos típicos de uma jovem que tenta se estabelecer em outro país. Sente que é encarada por outra mulher e fica sem graça. A mulher se aproxima e oferece um cartão: acho que você leva jeito para modelo, venha fazer um teste. Foi-se um mês até que ela resolvesse aceitar o conselho. Embora ela diga que não imaginasse um dia seguir carreira na moda, é fácil entender o convite. Seja andando de ônibus, posando para uma campanha ou entrando num café numa quarta-feira chuvosa de São Paulo, Flúvia tem uma presença que nada indica alguém submetida aos rigores emocionais da ditadura do corpo. Não é que ela seja diferente de outras mulheres "acima do peso". Ela apenas não reconhece esse peso específico sobre o qual nossas balanças se equilibram para cima e para baixo. Por isso, fica irritada quando um fotógrafo tenta disfarçar seu corpo: "Você vai ver as fotos e está de roupa preta num fundo preto, com um pouco de perna e braço à mostra. Cadê minha cintura? Cadê meu quadril?". Por um lado, isso vem da experiência de quase 15 anos trabalhando como modelo profissional. Nos últimos anos, e após sucessivas crises, as marcas perceberam no plus size uma forma de ampliar seus mercados, com as grandes redes passando a oferecer tamanhos maiores para os clientes e contratando modelos para vender essas roupas. Ainda assim, considera incrível quando, por conta de alguma foto postada no Instagram ou no Facebook, uma das milhares de seguidoras diz que passou a se sentir bem de biquíni ou com um vestido curto. Acha que o mundo está passando por uma revolução e que é preciso empoderar as mulheres, combater a gordofobia e defender o feminismo. Vê no termo plus size uma forma de levantar a autoestima das garotas, mesmo que ela própria não se incomode em dizer que é gorda. Deixando sempre claro que jamais sobe na balança e que sua escala de beleza só depende de como ela está se sentindo (que ela seja uma das mais famosas e requisitadas modelos plus size do mundo explica muita coisa). Mercado preconceituoso Depois, Flúvia se mudou com a mãe para Natal, e de lá para os Estados Unidos, e eles passaram 11 anos sem se ver. Ela narra o reencontro dos dois com entusiasmo, e fala da saudade que continua sentindo. O filho Pedro, de quem ela estava grávida quando Wallace morreu, hoje tem 1 ano, e ela mora no Brooklyn com ele e com Lua, sua filha de 14 anos, de um relacionamento anterior. Tenta superar o luto com o trabalho, a família e os amigos. Sua pequena equipe cuida da agenda – pelo menos uma sessão por semana, viagens pelo mundo inteiro, editoriais nas grandes revistas de moda – e ela aproveita para andar de bicicleta e visitar a mãe, que mora no bairro. Acabou de fotografar para a Vogue italiana e de estrelar uma campanha da rede Marisa. O trabalho no Brasil é um passo grande em um mercado que ela ainda considera preconceituoso. Reclama que poucas lojas trabalham com números maiores e que as peças são despadronizadas: uma garota que mede 46 de repente não cabe em um jeans 46 de uma determinada loja e passa a achar que subiu de tamanho. Seu trabalho como modelo, acredita, é mostrar como todas as roupas podem e devem cair bem, e que já é hora de largarmos a hipocrisia e assumir nossos biótipos. Não que ela ache ruim ser conhecida como a "Gisele Bündchen do plus size". Apenas gosta de imaginar que, num futuro próximo, ela terá aberto caminho a outras modelos plus size e que, principalmente, elas serão chamadas apenas de modelo.
Há pouco mais de um ano, Flúvia perdeu o marido, o advogado Wallace Andrade de Araújo. Wallace foi o primeiro amor da vida dela, e o primeiro beijo. Os dois cresceram em Boa Vista, Roraima, onde ele a ensinou a caçar e a pescar.
Um ensaio sensual com a modelo plus size Fluvia Lacerda
Fotos da Trip Girl Krysna Nóbrega
Dani L
“Uma vez, um dos meus instrutores de yoga me disse que antes de nascermos o nosso espírito sussurra o nome que escolheu ao ouvido de nossos pais”, responde, orgulhosa, a Trip Girl Krysna Nóbrega, quando questionada sobre a origem do seu nome. A paraibana de João Pessoa conta que seus pais, hippies na época, foram buscar inspiração no oriente. Krishna, na grafia original, é a personificação da divindade no hinduísmo, o protagonista do Bhagavad Gita.
“Toda palavra contém uma energia. Passamos nossas vidas inteiras ouvindo pessoas nos chamando por nossos nomes. O nome molda nossas personalidades”. E Krysna define a si própria como uma mulher de personalidade forte. “Sou escorpião com escorpião, intensa”, provoca.
Designer e ilustradora talentosa, atua na área desde desde os 17 anos. Ama fazer ilustração, cartazes de shows e eventos, mas está decepcionada com a carreira. O briefing dos clientes já não lhe interessa mais. Krysna está em busca de um trabalho onde enxergue mais sentido para si mesma.
O próximo passo, voltar a estudar e prestar vestibular em psicologia. "Pretendo me dedicar à massoterapia, mais especificamente à massagem ayurvédica”, conta a moça que, assim como os pais, agora busca influência no oriente. “Acho muito doido quando as pessoas dizem 'mas você vai largar o design?!’. Daí eu respondo: mas eu só tenho 23 anos!”
As fotos foram feitas na casa de um casal de amigos que são donos de uma loja de artigos indianos. A decoração não podia ser mais propícia. Sobre o ensaio, Krysna conta que descobriu se sentir muito a vontade com sua nudez. "Fotografamos no domingo de Páscoa. Toda a família estava almoçando no jardim e eu, nua, na sala.”
Não é porque o futuro lhe parece incerto, que Krysna se deixa assustar. “Não faço planos para não gerar ansiedade, mas tenho uma certeza: quero estar viajando pra caralho!”.
Notas do subterrâneo: Victoria Garaventa pelada no metrô
Loiro Cunha 1 2 3 4 Loiro Cunha 5 6 7 8 Loiro Cunha 9 10 11 Vai lá vickgaraventa.com
Fotografar no metrô foi bem maluco. Era quase meia-noite. Saímos da estação Consolação até a Vila Madalena, num dos últimos trens. A ideia era tentar captar certa selvageria da cidade, uma coisa meio "Anybody seen my baby", aquele clipe dos Stones. Estava tudo indo bem, eu estava apreensiva, mas tranquila. Todavia, assim que botei o pé no metrô, pronto: encontrei um cara que eu conheço, de uma galeria. Fiquei tensa. Mas conseguimos despistá-lo. Depois, tudo foi muito rápido, eu tirava uma parte da roupa, as fotos eram feitas. Então, a gente saiu, pegou o carro. Eu estava na caçamba, sem a parte de cima da roupa, naquele túnel da Paulista, com outros carros passando. Em resumo, foi bem divertido.
Eu amo São Paulo, nasci e cresci na cidade e acho que é um dos lugares mais legais do mundo. Nos últimos anos, porém, a selva de concreto me engoliu um pouco. Estar cercada por prédios altos, pegar tanto trânsito, ter sido assaltada, isso tudo teve um impacto sobre mim. Não ver o horizonte fez com que os problemas do dia a dia se tornassem maiores, então achei que era o momento de mudar de ares. Decidi vir para Los Angeles. A escolha pelos Estados Unidos se deu muito pela língua, inglês é o único idioma, fora o português, que sou fluente mesmo. E pelo momento da minha vida agora, meu marido tem uma banda de indie rock, e está fazendo uma turnê pela Califórnia. Aqui tem deserto, montanha, praia. E tem uma cena de arte de que gostei muito. A cena de arte de São Paulo é muito forte também, é verdade. Mas foi bom estar num lugar novo, com pessoas novas, é inspirador. O legal de Los Angeles é que tem gente do mundo inteiro, conheci mais estrangeiros do que americanos até agora por aqui. É como São Paulo, uma mistura incrível de culturas.
Aqui em Los Angeles esbarro em muitas lojas com materiais que uso no meu trabalho. Sou artista plástica e há alguns anos vim para cá fazer um curso de maquiagem e efeitos especiais. Queria aprender a técnica, essa coisa de pele, realista. Muito do que faço hoje é relacionado à anatomia. Gosto de taxidermia, por exemplo (como preservação e reciclagem, jamais proveniente de caça), e aqui o acesso a isso é muito fácil. Tem a ver com a cultura desse lado dos Estados Unidos. Outra das minhas paixões é o colecionismo. Eu tenho coleções meio bizarras. Tenho fetos de vários animais diferentes, ossos, crânios. Gosto de colecionar fragmentos de coisas – e depois criar um novo significado pra elas. Gosto de certa linha tênue entre o artificial e o natural. E de pensar que essas categorias são, no fundo, fundamentalmente conceitos.
Quando eu falo de aberrações ou da minha coleção de coisas bizarras (fetos, ossos, fragmentos do corpo) como referências para o meu trabalho, minha intenção é retirar esses elementos de um lugar extravagante e trazer isso para o lugar-comum, tradicional. Eu sempre tive interesse pelo corpo. Há um tempo, comecei a olhar para dentro e ver que por dentro todo mundo é estranho. E que poderia haver uma liberdade de criação aí, por ser uma coisa meio desconhecida. Comecei a colocar dois corações dentro de um tórax, inventar órgãos, inventar nomes, criar partes do corpo que não existiam, fazer hibridismos com animais e humanos. Eu me vejo como uma espécie de cientista. É como se eu estivesse pesquisando uma coisa que não existe, e enquanto pesquiso, vou inventando.
Antes de completar 18 anos, como treino, eu prestei vestibular para medicina. Depois, pensei que me realizaria mais nas artes plásticas mesmo. Há uns meses, fiz um vídeo para uma exposição. Peguei o vídeo de uma endoscopia, tratei a imagem, passei um blur e deixei a imagem em super slow motion. Coloquei sons gravados no espaço, da Nasa, e estendi o vídeo, que tinha dez minutos, para 1 hora, mais ou menos. A ideia é que isso seja projetado nas quatro paredes de uma sala, só que momentos diferentes do mesmo vídeo. Fico pensando: o corpo é um universo tão particular, estranho, algo fora do tempo.
A morte da minha mãe teve forte impacto sobre mim, sobre meu trabalho. Serviu não só para eu amadurecer cedo, mas também para eu ver a vida de outra maneira. Viver para mim, não para o que os outros achariam melhor ou mais certo. Prestar atenção numa certa fragilidade da vida. Eu tinha 13 anos, hoje tenho 25. Acho que meu trabalho tenta dialogar com esse lado efêmero e transitório. Tento usar elementos que estão mudando o tempo todo, se deteriorando. Coisas em que consigo enxergar o tempo.
Eu vejo um bicho morto e, claro, aperta meu coração, mas também vejo beleza na morte. Há pouco tempo, no meu ateliê em São Paulo, encontrei um passarinho morto na varanda. Ele havia caído do ninho. Fiquei observando aquilo e comecei a fotografar. Passei 13 dias fotografando as mudanças no passarinho, quer dizer, naquilo que era, mas já não era o passarinho. Na mesma semana, outro passarinho do ninho saiu do ovo, aprendeu a voar. Foi meio que o Discovery Channel ali na minha frente.
As pessoas têm um pouco de medo de arte contemporânea. Acaba se tornando algo fechado. As coisas parecem muito complicadas. Falta espaço para discussões mais abertas. No Brasil, gosto do trabalho da Sandra Cinto, do Walmor Correia. Eu adoro o Anish Kapoor, gosto de como ele trabalha com escala, pigmentos. Gosto muito da Cindy Sherman. Toda arte é política; só de fazer o espectador pensar, a arte já é política. Claro que existem trabalhos panfletários, mais diretamente políticos. E claro que a arte não precisa ser necessariamente diretamente política.
Estou acompanhando os protestos recentes no Brasil pela internet. Difícil opinar de longe, mas acho que teria ido aos protestos de junho de 2013 – na época, eu estava aqui em Los Angeles. Mas às vezes se misturam tantas questões nesses protestos. Não são todas que me representam. Nas manifestações recentes eu com certeza não iria. Gente que não viveu a ditadura falando sobre ditadura. É complicado isso. O país já teve momentos horríveis, e as pessoas falando que este é o pior. Agora, eu nunca votei. Nunca me senti representada por ninguém, por nenhum político.
Quando pensei neste ensaio, fazer fotos nuas, pensei na ideia de desconstruir a ideia do nu em revista, do nu para o outro. Eu não vejo a Trip como uma revista masculina, é uma revista, e ponto. O empoderamento feminino está ligado ao poder de escolha da mulher. Suas opiniões e o que decide fazer com o próprio corpo, por ela mesma, e não pela sociedade ou pelos outros. Além disso, mostrar o seio não deveria ser tão polêmico assim. É um absurdo existirem leis proibindo mulheres de amamentar em público, por exemplo. Enquanto isso, um homem sem camisa é normal. Tornar públicas essas imagens é uma forma de fortalecer as mulheres, estimular a igualdade de gênero.
Tenho nove tatuagens. Tenho um dente do siso. Gosto muito do formato do dente do siso. Tenho este anel com diamantes, que fiz quando casei. Tenho um Jackalope, que é um personagem interessante americano, um coelho com chifres – várias cidades do interior dos Estados Unidos têm a cabeça do Jackalope, de taxidermia, nos estabelecimentos. Tenho o meu sobrenome, que fiz depois que minha mãe morreu. E tenho um cupcake. Eu fui numa loja de cupcakes quando era pequena e voltei vários anos depois. Isso me trouxe várias lembranças, o cheiro, as cores. Foi uma viagem que fiz para os Estados Unidos, com a minha mãe.
Leslie Richman
A musa fitness californiana Leslie Richman está de férias no Brasil e convidou o #TripTV pra registrar esses momentos. Tá demais!